A melhor escolha para sua carreira: ser você!
Download MP300:04 [Barbara Viana]
Olá, eu sou a Babi, esse é o PEPcast, o podcast que transforma a sua experiência profissional e te leva ao próximo nível. Então vem dar um play na sua carreira com a gente!
Bom, eu sou responsável pelas áreas de "employer branding", que é marca empregadora, e cultura aqui na PepsiCo. E no episódio de hoje eu vou conversar com um superprofissional que me inspirou muito quando eu entrei aqui na companhia, ainda como estagiária, e eu tenho certeza que vai te inspirar muito nesse episódio também.
A história pessoal e profissional dele, e a maneira como ele traz tudo isso, é superespecial, é muito legal e fica reverberando na gente. Hoje eu recebo aqui o Marcus Vaccari, que trabalhou na PepsiCo por 27 anos! É muito tempo em, Vaccari! E foi o nosso vice-presidente de recursos humanos para América Latina. Superprivilégio, um grande prazer e uma oportunidade imensa te receber aqui hoje. Muito, muito obrigada por ter aceitado e topado o nosso convite, Vaccari, seja super bem-vindo.
01:09 [Marcus Vaccari]
Não, é bastante tempo mesmo, cara! Mas sabe que passou super-rápido, foi tão gostoso que passou muito rápido, não deu nem para sentir que foram tantos anos. Oi, pra você, oi, pra todo mundo que está nos ouvindo. Muito obrigado pelo convite e por essa introdução.
Você sabe que eu fico muito feliz em saber que eu te inspirei quando você era estagiária, mas eu quero que saiba que também, com você e muitos outros estagiários que passaram por aqui, também me inspiraram. Eles me inspiraram com essa sua curiosidade, com essa sede de aprender, com essa participação, de vontade de realizar... o olhar fresco dos estagiários e a curiosidade sempre me despertaram em me trazer um... acho que fizeram passar os 27 anos mais rápido. Então, o prazer de estar aqui é todo meu, é muito bom estar de volta aqui falando com vocês. A PepsiCo é uma parte superimportante da minha vida e é uma experiência incrível que eu sempre gosto de compartilhar, então vamos nessa.
01:56 [Barbara Viana]
Bacana ouvir isso, Vaccari.
Queria começar sabendo dos caminhos que te guiaram até um trabalho que tem impacto direto nas pessoas, na vida das pessoas, né? E na carreira de cada uma delas, que a área de RH, né? De recursos humanos. Essa foi uma jornada natural pra você ou foi algo, assim, que te surpreendeu?
02:25 [Marcus Vaccari]
Foi natural, mas não foi proposital. Eu não comecei e nem escolhi trabalhar em RH. Eu comecei em finanças, depois eu passei por "marketing", por vendas, mas a passagem pra RH acabou acontecendo naturalmente. Naquela época, o RH era muito pouco valorizado, era muito transacional. Acho que quem é daquela época vai lembrar... E eu não me conformava com isso, porque eu já entendia, mesmo que inconscientemente, né? O valor de uma boa gestão dos humanos e o impacto de uma área de RH nas empresas, né? Nesse olhar alinhado ao conhecimento do negócio. Então se tivesse um RH, uma boa gestão dos humanos e conhecimento do negócio para alavancar os resultados, era algo que eu achava que ia ser muito legal, só que isso era uma coisa muito rara naquela época, não existia. Então eu me metia o tempo todo na área de RH, dava palpite, né? Eu queria ajustar as coisas, queria dar idéias, queria fazer as coisas diferentes. Até o dia que eu acho que o pessoal se cansou e me convidou para trabalhar em RH. Então você tá se metendo tanto, vem pra cá então, né?
No começo resisti, eu falei 'putz, no RH, cara, tem muito a ver, não'. Mas aí eu pensei que podia ser uma grande oportunidade de fazer uma coisa diferente em um lugar onde eu achava que faltava essa capacidade e, melhor ainda, não tinha concorrência nenhuma. Eu fiz até na época uma analogia com formação de time de futebol, esses que a gente, né? Vai no clube e tal vamos jogar futebol, vamos montar o time, vamos escolher o time... Quem quer jogar no gol? Ninguém quer, né? Todo mundo quer ser artilheiro, todo mundo quer estar lá na frente fazendo o gol, e goleiro ficava todo mundo assim disfarçando... e eu jogava no gol, eu falei, 'deixa comigo', eu jogava no gol. Eu falei, 'puts, eu vou fazer a mesma coisa com o RH, né? Ninguém quer isso, não quer ser "marketing", finança, etc, eu vou trabalhar em RH'. Vi aquilo lá como um "blue ocean" da época, um caminho pouco explorado, falei 'eu vou fazer por aqui, faça uma experiência crítica aí, depois eu volto... não perco nada com isso, né? Posso até me divertir um pouco'.
O que eu não sabia, na época, que não existia essa coisa de "self awareness" ainda, né? Pelo menos não explicitado, é o que ia me apaixonar e que eu ia fazer uma carreira nessa área. Isso, sim, me surpreendeu. E, aliás, é uma pena que até hoje, está bem melhor que naquela época, mas até hoje ainda são poucos os profissionais que buscam o RH como carreira de entrada. A maioria das pessoas que eu converso entram na área e se apaixonam por elas depois, como eu, por acaso. Fica um convite também aos nossos jovens que estão entrando no mercado de trabalho, dá uma olhadinha com carinho no que faz RH... você pode se surpreender com o que você vai achar.
04:39 [Barbara Viana]
Muito legal, e eu também, como um profissional de RH, posso dizer, é um mundo muito amplo, né, Vaccari? A gente tem diversas possibilidades de caminho dentro da área, né? A gente pode ser, por exemplo, de uma área especialista, que aí a gente fala de recrutamento e seleção, por exemplo, desenvolvimento, treinamento ou até generalista, né? Que a gente já fala de BP, que são os "Business Partner", parceiros de negócio, enfim. Qual foi a área que você entrou logo de cara, dentro de RH? Curiosidade aqui mesmo que bateu.
05:12 [Marcus Vaccari]
É curioso, porque eu comecei pela área de remuneração e benefícios. Como eu vinha de finanças, trabalhava com números, eu acho que tanto a empresa como eu, achamos que o mais natural é que eu fizesse remuneração e benefícios. Era uma área que precisava, não tinha... Se a gente falar aqui na PepsiCo mesmo, eu entrei em remuneração e benefícios, né? E não tinha nada na época, a empresa era pequena, não tinha nenhuma ferramenta de administração de cargos e salários, por exemplo, né? O que que é uma posição? Quanto vale uma posição? Como é que faz uma pesquisa? Como é que é o nível? Não tinha nível, não tinha os "ranges" salariais, não tinha nada disso.
Então isso foi uma coisa que eu comecei fazendo aqui, que era uma uma experiência que eu tinha. E daqui eu fui passando para outras posições, mas o curioso é que, por muitos anos, acho que mais de 10 anos, eu acumulei a área de remuneração e benefícios. Eu fazia remuneração e benefícios mais RH vendas, mais RH operações, depois de RH operação e RH vendas e remuneração e benefícios, até a gente conseguia achar e ficou muito grande, a empresa foi crescendo, as funções ficaram muito grandes, né? E eu precisei abrir mão da área de remuneração e benefícios lá na frente, mas fiquei bastante tempo com ela, que era a minha área de "expertise" de entrada, digamos assim.
Mas você tem razão. A área de recursos humanos é muito abrangente, é muito rica em especialidades e muito rica nos assuntos a tratar. E ela trata de uma coisa extremamente importante, que é a gestão das pessoas. A área em si, ela tem a ciência da gestão das pessoas, as ferramentas, né? O conhecimento sobre como gerir pessoas e ambientes de trabalho. A gestão do humano mesmo é do gestor. Isso é uma outra coisa que o RH tem que fazer: Como você transfere esse conhecimento com o gestor pra ele gerir as pessoas. E, no final das contas, o que nós queremos é que tanto as pessoas como o negócio cresça, então está tudo alinhado a isso.
06:46 [Barbara Viana]
Que Vaccari entrou na PepsiCo em 1991 e um e qual Vaccari saiu em 2018 aqui da companhia também? Quais foram os acontecimentos, assim, que mais te marcaram nesses anos, habilidades também que você acha que o tempo e todas as experiências te proporcionarem, o que que você pode contar pra gente nesse sentido?
07:06 [Marcus Vaccari]
O que eu posso dizer de cara é que eu entrei bem jovem, mas quando eu saí eu saí mais jovem ainda, pelo menos de espírito.
07:11 [Barbara Viana]
É isso aí!
07:12 [Marcus Vaccari]
Essa sensação... essa é a sensação que a PepsiCo me ensinou e deixou, na verdade um recomeço constante, que tudo é possível de fazer e que nunca é tarde para nada. Só que com a vantagem que agora né, que eu saí, eu sei um monte de coisa que eu não sabia na época, né? Até sei que não sei um monte de coisa, mas tá tudo bem também, porque sempre dá tempo de saber, sempre dá tempo de aprender. Então é esse espírito...
Agora, além disso, eu saí mais maduro. Óbvio, né? Como pessoa e também como profissional. Acho que as coisas se misturam muito, né? Ainda mais na minha história de longos anos aí. Eu aprendi muito com as pessoas com quem eu trabalhei, com as inúmeras experiências que eu tive o privilégio de viver aqui nessa empresa. A principal delas é que nada acontece sem as pessoas. Que a gente tem que trabalhar com elas e não apesar delas, que às vezes a gente escuta isso, né? É ouvir, acreditar, aceitar, apoiar para que essas pessoas sejam a melhor versão delas mesmas. E eu acho que a gente consegue resultados fazendo isso muito bem.
Eu aprendi também a importância de ser paciente, a importância de ser tolerante, de ser aberto, se ser curioso, de ser autêntico... Tudo isso para colocar energia, por a nossa energia na busca por soluções e não colocar essa energia na pura explicação do problema. Então, em vez de perder tempo explicando o problema, a gente foca na solução desses problemas. Agora, quanto aos acontecimentos marcantes, foram tantos que fica difícil fazer uma enumeração aqui, né?
Eu entrei na PepsiCo quando ainda era Elma Chips, e a Elma Chips era um pequeno negócio de salgadinhos e saiu daqui com uma das maiores empresas de alimentos e bebidas no Brasil e no mundo, né? Então, você imagina quanta coisa aconteceu aí no meio, né? A gente construiu marcas, a gente fez aquisições, a gente criou inúmeros modelos de negócios, de "inaudível", várias transformações culturais, desenhos organizacionais, novas fábricas, milhares de contratações, muita gente passou por aqui, então é difícil achar um momento marcante, porque todos eles, para mim, me marcaram muito.
Mas, se eu tiver que escolher um, se eu tiver que escolher um que mais me marcou, sem dúvida está na cultura de diversidade, de inclusão, oportunidades e liberdade que quisermos, e a gente conseguiu fazer e hoje sermos essa bem-sucedida organização com essa cultura maravilhosa de podermos sermos nós mesmos e trazer resultados através disso. Isso me marcou bastante.
09:22 [Barbara Viana]
E aí, você costuma dizer que o 'quem' vai fazer um trabalho, deve vir antes do 'que, como, onde e quando' esse trabalho vai ser feito. E também, superalinhado aí com que você já comentou, que as pessoas vão prosperar sendo elas mesmas, com sua personalidade, habilidades únicas, histórias únicas também... Acho que esse não era um pensamento tão comum no início dos anos noventa, lá no início da sua jornada profissional, né? Ou era? Enfim, como que você desenvolveu essa visão tão bacana e que agrega tanto valor.
09:57 [Marcus Vaccari]
Não era essa visão naquela época, não. Aliás, era bem longe disso, né? Naquela época, o bonito era a gente deixar a nossa pessoa, né? O nosso lado pessoal, nossa vida pessoal, do lado de fora do escritório. O trabalho naquela época era uma relação comercial. Ninguém estava procurando um propósito, ninguém estava procurando relevância, ninguém está tentando ser feliz, era puramente uma relação comercial, 'eu vou aí, trabalho, faço algo para você e você me dá o dinheiro, porque o que eu estou buscando ascender na carreira e a prover para mim mesmo e prover para minha família', mas era outro contexto, né? Eram outras gerações, outros valores, outros acontecimentos na época, né? Que levavam as pessoas a precisarem disso.
Hoje as pessoas precisam de algo diferente. Hoje em dia nem escritório tem mais, pra gente deixar do lado de fora a pessoa. E hoje em dia, espera-se que as pessoas sejam elas mesmas, né? Em qualquer circunstância. O bom é que as pessoas também querem isso, querem ser relevantes e elas querem ser parte de algo, pelo que elas são como pessoas e pelo que elas trazem pro trabalho. Pra mim, ser feliz no trabalho é isso, é sentir-se relevante e parte de algo com um propósito maior. Sempre acreditei nisso, no valor da autenticidade... Em ser você mesmo, mas não sempre o mesmo... sempre falava isso, 'você tem que evoluir, se tudo der certo, melhorar'. E eu costumava dizer para a turma naquela época 'a gente já paga para a pessoa vir trabalhar... já tá pago pra pessoa a vir inteira, então porque a gente só usa uma parte dela? Por que a gente não aproveita tudo, né? Por que não aproveitar pra fortalecer, inspirar tudo o que ela tem para oferecer: mãos, mente e coração'.
Porque antigamente tinha até uma brincadeirinha, né? Que as pessoas entravam, principalmente em ambiente fabril, né? Entra, deixa o cérebro e o coração no armarinho e vai para a fábrica fazer o seu trabalho manual. É um absurdo, né? Eu já lutava contra isso naquela época. Então eu fui trazendo desde então esse conceito de que a pessoa inteira agrega muito mais do que só uma parte, né? Ou só a parte que a gente acha que é a boa, né? Que a gente enxerga... Tem muitas outras que a gente não está vendo, que pode fazer uma diferença incrível na vida dela e na nossa.
11:47 [Barbara Viana]
Às vezes, até partes que a própria pessoa ainda não descobriu e que o trabalho pode ajudar a perceber, né? E que são partes valiosas da trajetória da pessoa e, enfim... Muito legal.
11:58 [Marcus Vaccari]
Exatamente, tem coisa que ela já descobriu e nós não, tem coisa que elas não descobriram ainda e nós sim, e podemos fazer com que ela descubra, que prospere e seja realizada, né? E feliz no trabalho... então, tem muito disso aí para se trabalhar, para se discutir. E eu acreditava, e continuo acreditando, que o 'quem' vai fazer vem primeiro, porque pra mim isso é óbvio, porque todo o resto é definido 'o feito' por um 'quem'. Nada acontece se não tem um 'quem' fazendo, até quem vai contratar quem, brincando com as palavras. E esse 'quem' precisa de um ambiente. E eu estou falando aqui um ambiente de forma abrangente, né? Não é o espaço físico, é tudo o que faz com que essa pessoa se realize dentro do trabalho. Ele precisa desse ambiente saudável para contribuir para o negócio. E ele também se realizar e todo mundo prosperar. Essa é a melhor fórmula para o sucesso de todos.
12:53 [Barbara Viana]
Você acompanha a evolução do mercado de trabalho há mais de 30 anos. Que momento você acha que a gente está vivendo agora e quais oportunidades, desafios que os profissionais, as profissionais que estão entrando no mercado de trabalho podem ter. E as pessoas que já estão, o que que elas podem fazer para se transformar nesse novo momento que a gente está vivendo, nesse novo mercado?
13:18 [Marcus Vaccari]
Olha, o que eu acredito aí é que a gente está vivendo uma quarta era na busca por talentos, nas habilidades. Eu falo quatro eras, explico: você teve, há muitos anos atrás, a gente contratava as pessoas pela força. Se ela tinha, se era forte fisicamente para carregar a pedra, carregar a carroça, fazer uma pirâmide, seja lá o que for que era necessário lá atrás, era muito mais agricultura, era uma questão de força. Depois vem a inteligência, como é que a inteligência impacta no trabalho? Então acreditava-se muito que uma pessoa inteligente podia ser bem-sucedida em qualquer posição. A terceira entrou com as competências, que era meio que mesclar inteligência com algo que você saiba fazer, uma competência que você tenha, tipo fazer um "match" entre competência, inteligência e o que tem para fazer, o cargo, se combina uma coisa com a outra, não adiantava só ser inteligente.
Agora, eu acho que a gente tá entrando numa quarta era, onde o potencial de aprendizagem é o mais importante. E o potencial de aprendizagem, que alguns chamam de "learning agility", isso que eu tô falando não é uma grande novidade, tem livros que falam a respeito, é que não importa mais, não vai importar mais quais habilidades a pessoa tem, mas se essa pessoa tem potencial para aprender novas habilidades. Rapidamente, no mundo volátil, então o que você sabia, amanhã já não serve mais.
Mudou muito, então você tem que pegar aquela experiência e transformar numa nova habilidade, e não quero que me leve a mal, não tem nada a ver com que não é importante ter habilidade, competência, inteligência. Óbvio que tudo isso é base fundamental, assim como entregar resultados é base fundamental para uma carreira de sucesso. Mas o que tá começando a se perceber, acho que está até mais evoluído hoje em dia, é de que essa rapidez de aprendizagem para você aplicar novos conhecimentos na solução de problemas, é algo que está muito forte, né? É, tem essa frase que eu uso, né? Que é "saber o que fazer quando não se sabe o que fazer". Resumindo, assim, de uma maneira coloquial, você saber o que você vai fazer quando você não sabe o que você vai fazer, então é achar uma solução.
É meio o que está na linha dos conhecidos "soft skills", que se fala muito, né, e que eu acho que de "soft" não tem nada, acho que o "soft" são mais "hard" que os "hard". Elas são "skills" bastante difíceis, elas não têm... e são intangíveis, né? Porque os "hard skills" são tangíveis, você consegue ver, você consegue materializar, e, muitos deles, hoje você consegue até buscar nas redes. Você consegue aprender hoje até fazer um balão no YouTube. Você tem muitas "hard skills" que você aprende até nos tutoriais, o "soft skills" são intangíveis, são muito mais difíceis de você perceber e desenvolver, né? Mas eles são as coisas que vão poder diferenciar um profissional do outro no mercado daqui pra frente. E o "learning agility", né? Ou essa agilidade de aprendizagem, ela são em quatro áreas que a gente tem que olhar, né? O que a gente tem que olhar em nós mesmos, ou quando a gente está buscando algum profissional.
Você tem a agilidade mental que é a rapidez em fazer conexões, em conectar os pontos, né, entre uma coisa e outra e achar uma terceira via por aí. Você tem agilidade interpessoal, que é como você gerencia os relacionamentos, para cima, para baixo, para os lados, na diagonal, como é que você transforma todos esses relacionamentos em algo positivo. Você tem a agilidade transformacional, que é aquela inquietude de que o que temos hoje está bom, mas pode ser melhor, você questionar o que estão sendo feitas, as coisas, e não só questionar, mas ter a liderança em fazer essa transformação. E, por se ter a agilidade operacional, que é o fazer acontecer no final, é a ação. Pegar tudo isso, legal, agora como é que a gente faz isso materializar e virar uma realidade? Então, eu diria que a ideia é por aí, é buscar entender qual é a sua agilidade de aprendizagem, buscar esse caminho para trazer soluções rápidas e resolver problemas.
16:55 [Barbara Viana]
Excelente. Acho que a gente tem acompanhado muitos outros líderes e estagiários, "trainees", aqui da companhia também trazendo essa habilidade, digamos assim, Vaccari, como ponto fundamental para a gente crescer na carreira. Então, que bacana te ouvir e que inspirador também. E aí você percorreu muitas áreas dentro de RH aqui na PepsiCo, né? Como você mesmo trouxe no comecinho aqui, e chegou até o cargo de vice-presidente de RH para América Latina. Nessa época, você tinha mais de 100 mil pessoas abaixo de você, né? Como que foi esse desafio, ainda mais levando em consideração essa sua visão de RH, com esse olhar individualizado para cada pessoa.
17:43 [Marcus Vaccari]
Olha, primeiro um ajuste aqui, não tinha 100 mil pessoas trabalhando para mim ou abaixo de mim, era o contrário, eu trabalhava para 100 mil pessoas. Era um grupo de 100 mil funcionários, onde a gente servia como gestor de recursos humanos. E essa experiência foi incrível, pra mim foi algo incrível, inesquecível, porque não tem nada mais satisfatório para mim do que conviver e poder apoiar um grupo de pessoas tão diverso. Quando você fala de diversos países, são diversas culturas, diversas formas de ver o negócio. É, é a diversidade, assim, pura, pulsante, na sua frente, no seu dia a dia, na sua vida. Cada interação que eu tinha ali, eu aprendi algo novo. Agora, claro que eu não consegui interagir com todos, né? Com 100 mil pessoas, infelizmente não tive essa capacidade, mas tinha um ponto de partida, de entender o que move as pessoas, e aí assegurar, através de programas corporativos e conscientização das lideranças, que a gente estava entregando necessário para esses funcionários. Então ia tanto com programas corporativos que abrange um grande número de pessoas, ou por área, função, ou a empresa toda, mas, principalmente, a conscientização do gestor em como fazer isso em cada uma das suas células até chegar no um a um, lá embaixo.
Essa cascata, para chegar até o "frontliner" lá, com o gestor conversando com ele sobre as necessidades dele, era algo que a gente buscava fazer. E aí a gente usava o mantra do engajamento, que, na época, não era conhecido esse termo né? "Do engajamento". Foi pioneiro aqui na PepsiCo. A gente buscava levar esse olhar para o gestor e para o funcionário, por que o que a gente queria era um equilíbrio perfeito entre as necessidades do negócio e as necessidades das pessoas, todas e cada uma delas, pra gente conseguir esse ambiente saudável. Então, se a gente tem um equilíbrio, entre a necessidade do negócio, necessidade das pessoas, ou seja, vou fazer por você, porque eu sei que você vai fazer por mim, nós dois vamos nos ajudar, a gente consegue esse ambiente saudável e isso levou a PepsiCo a ser uma das primeiras empresas na lista das melhores empresas para se trabalhar, e foi o embrião desse ambiente aberto, humanizado e bem-sucedido que a gente tem hoje, e eu acho que isso é um superdiferencial da PepsiCo.
19:49 [Barbara Viana]
Gente, muito do que o Vaccari trouxe como papel fundamental dentro de recursos humanos, acabou se transformando em pilares importantes da empresa toda, virou a nossa cultura mesmo. Então, por exemplo, a ideia de que a PepsiCo é um espaço para todo mundo ser único, ser única, num ambiente aberto, flexível, dinâmico e que, acima de tudo, estimula ações de incentivo à diversidade, equidade e inclusão.
Então eu sou suspeita para falar, mas eu tenho muito orgulho desse ambiente e de toda essa jornada que a gente vê aqui dentro. Para você saber mais, clique na aba carreira, lá em PepsiCo.com.br, e entenda como que a gente traz isso para o dia a dia de todo mundo que trabalha aqui com a gente. E lá você também tem acesso às vagas abertas e ao "link" para participar dos nossos processos seletivos.
Vaccari, e aí emendando esse tema, né? De experiências internacionais, como VP de RH para América Latina, você teve aí experiências não só no Brasil, né? Como também México, Caribe, América Central, morou em vários países, né? Conta pra gente um pouquinho sobre esses desafios, as coisas boas também dessa carreira internacional. Acho que muita gente tem essa curiosidade, tem essa vontade... Como foi isso para você?
21:19 [Marcus Vaccari]
Para mim foi bem legal. Vou falar um pouquinho sobre isso. Experiências internacionais, elas são maravilhosos, mas às vezes elas são muito romantizadas, né? Tem só o lado bonito dessa experiência internacional. Tem um lado bom, claro, mas tem também o lado duro da vida em outro país, principalmente se você tiver uma uma família envolvida aí no meio. Então, isso é pra quem curte incertezas, para quem gosta de mudanças, de perrengue, de aventuras, são pessoas que são curiosas, que são abertas, flexíveis, então não é uma experiência pra qualquer um. Isso não é bom, nem ruim, não estou fazendo nenhum juízo aqui. Não é bom, nem ruim, é só a gente saber... você ter o autoconhecimento e fazer uma análise do que que é legal para você e do que que não é, porque acontece tudo isso.
Então não é para qualquer um e é importante a gente refletir o que que é sucesso para você, e como essas experiências, internacionais ou não, vão te levar a esse sucesso. Se achar que vai, vai em frente, vai atrás disso, porque é muito rica a experiência. Se você achar que não vai, ou que não tem a ver com você, não tem a ver com seus valores, não tem a ver com seu estilo de vida, não faça. Busca esse tipo de conhecimento em outros formatos. Hoje é muito mais fácil, né? Com esse mundo globalizado, é muito mais fácil você conseguir aprendizados internacionais sem precisar sair daqui, inclusive participar de posições globais sem sair de casa. Antigamente você tinha que mudar para aquele país, para ocupar essa posição. Hoje você faz do seu próprio país. Mas tem a vivência internacional, com pessoas de outros países, etc... sem as dores de morar em outro país. Porque visitar um país é uma coisa, morar num país diferente é outra coisa, dependendo de quão diferente, mais difícil é, então tem que ter esse espírito.
Eu vou dizer: pra mim, valeu a pena cada segundo vivido, dos bons e aos nem tão bons assim. Eu aprendi muito ao lado desse pessoal, com o profissional e fiz vários amigos por lá, então, pra mim, acrescentou demais, mas isso tava no meu plano de construção de carreira e no meu plano de construção de vida, porque elas vêm junto. Isso é outra coisa pra gente jogar no autoconhecimento. Você não consegue separar uma coisa da outra. Eu adoraria ter uma experiência Internacional, mas eu, como pessoa, quero ficar morando aqui no bairro que eu moro há cinquenta anos. Não dá pra fazer as duas coisas, então elas têm que ir juntos, tem que ser uma coisa que você quer para os dois lados. É reflexão e uma escolha pessoal. Cada um é que sabe aonde toca, mas recomendo explorar alternativa.
23:31 [Barbara Viana]
E esse autoconhecimento pode ser um pouquinho desafiador em alguns momentos, né, Vaccari? Porque é como você falou, exige muita reflexão, né? Saber aquilo que a gente quer, aquilo que a gente gosta, aquilo que a gente não gosta e tomar decisões em cima disso, né? E a gente só vai saber se a gente quer ou não uma carreira internacional se a gente se conhecer o suficiente para identificar se a gente tem um perfil como esse e essa vontade. De que maneira você desenvolveu esse seu autoconhecimento ao longo da carreira? E aí, assim, é, ao longo da sua carreira, eu digo, porque até aqui, mas pensando daqui pra frente a gente sempre tem coisas novas para aprender sobre nós mesmos, né?
24:14 [Marcus Vaccari]
Não, o conhecimento não termina nunca, né? Porque a gente nunca vai terminar de nos conhecermos, até porque é um alvo móvel, né? Quando a gente acaba de conhecer uma parte, a gente já mudou outra. Talvez até aquela parte que a gente conheceu, porque é disso que se trata, né? De a gente ir mudando. Então a gente tem que estar sempre se revendo, né? Tem que estar sempre entendendo aonde viemos, onde estamos e para onde vamos, e o que temos dentro de nós que pode nos ajudar nessa jornada e isso vem com muita curiosidade de novo, né? Você tem que estar curioso para querer saber... Assim como... eu tenho curiosidade em saber sobre os outros, eu sempre tive curiosidade em saber sobre eu mesmo, né? Porque como eu vou ajudar o outro se eu não consigo ajudar a mim mesmo. Se eu não me entendo, como é que eu vou entender o outro, né? Porque eu até brinco, brinco falando sério, porque eu acho que o ser humano, que é com quem a gente lida na área de recursos humanos e numa empresa como um todo, os gestores também, o ser humano é a tecnologia mais complexa e mais cara que uma organização tem. A gente não olha por aí, mas é a mais complexa, e a mais cara... e ela vem sem manual, não tem tutorial, não tem manual, então cada pessoa é uma máquina, né? Uma máquina no bom sentido, é um sistema próprio e que vem sem regras, né, sem manual.
Então para a gente entender essas pessoas, elas também precisam se entender, elas precisam falar, a gente precisa falar sobre nós, como 'deixa de contar como eu funciono', né? Quando a gente entra num mundo mais humanizado, o que a gente está buscando dentro das organizações, fica difícil ser um mundo humanizado se eu não falar o que que me impacta positivamente, o que que me impacta negativamente, né? Positivamente... o que que me faz mover? Eu tenho que falar sobre isso, e para eu falar sobre isso, eu preciso entender. Então, vem aí o autoconhecimento para poder explicar para o outro o que que é legal. Então, com a vontade de querer saber sempre e sempre ser melhor que ontem, melhor que você mesmo, não é melhor que os outros, a gente tem que ser querer ser melhor que a gente mesmo, né? Mas pra isso a gente precisa entender como é que a gente funciona, e entender que o que você é, é o ponto de partida, não é o ponto de chegada. O que somos é o ponto de partida, e daqui pra frente, não daqui para trás. Normalmente, quem a gente acha que é, que é a versão otimismo de nós mesmos, né? Nós temos uma versão muito otimizada e romantizada de nós mesmos. Essa pessoa que a gente acha que é, muitas vezes não vale a pena conhecer, porque no final você é quem os outros veem.
Então, quando você faz essa reflexão, com muita humildade para encontrar esse "gap" entre o que você acha que é, o que você realmente é e o que os outros estão vendo, aí você faz essa reflexão e começa a fechar esse "gap", né? Começa a ficar mais parecido com quem você realmente é, e não com quem você romantiza ser. E "feedbacks", "assessments", "coaching", terapias, tudo me ajudou nesse processo. Tudo me fez refletir, mas precisa fazer isso com muita abertura e sem tentar explicar ou racionalizar esse "feedback", essa informação que vem. É refletir sobre ela e descobrir o que você precisa fazer a respeito, se é que quer fazer alguma coisa a respeito. Mas, mesmo que não queira, é uma decisão e não algo que está lá escondido, né? Na escuridão. Então não é fácil, não.
O autoconhecimento não é um processo fácil, porque requer muita humildade, muita vulnerabilidade, palavrinha que tá aí, bastante moda hoje em dia, que é vulnerável, né? E ser vulnerável, quando a gente fala em vulnerabilidade, a primeira coisa que vem na frente é uma coisa negativa, né? É fraqueza, vergonha, é uma sensação ruim. As pessoas não querem... querem descobrir a vulnerabilidade do outro, mas não querem que descubra a sua... porém, na verdade, deve ser o contrário: eu sendo vulnerável significa que eu me conheço, eu vou contar para você o que que é que não é legal em mim, porque a gente não entra nesse campo, vai perder tempo entrando num campo onde não vai ser produtivo. Então, vulnerabilidade, para mim, mais do que uma fraqueza, é uma coragem. Já dizia Brené Brown.
27:47 [Barbara Viana]
Muito bom! Inclusive, amo esse livro. Vou trazer aqui como indicação no episódio de hoje, olha a coincidência... É, é maravilhoso. E Vaccari, assim, por tudo que eu já te acompanhei, já ouvi falar de você, enfim, aqui dentro e fora também, por tudo que eu já ouvi das pessoas também que trabalharam com você, você foi e é um profissional superinspirador para essas pessoas, né? E o quanto nós aprendemos com você. Como que você incentivou e desenvolveu tanta gente? Qual que foi a chave para isso ter dado certo, e tão certo?
28:24 [Marcus Vaccari]
Aí é você que está dizendo, nem sei se isso tudo é verdade, né?
28:27 [Barbara Viana]
É, sim!
28:28 [Marcus Vaccari]
Espero que para algumas pessoas tenham sido e que eu tenha podido ajudar. Mas eu acho que uma parte disso acho que vem da ousadia, né? As pessoas não estão acostumadas com a ousadia, muito menos no mundo corporativo tradicional e eu sempre fui muito ousado, né? Tanto como pessoa, como nas minhas propostas dentro da organização. Ousado no bom sentido, né? No sentido de sair do lugar comum, no sentido de buscar soluções diferentes... acho que essa ousadia chama atenção, acho que inspira pessoas também a quererem fazer, né, diferente. E, como eu sempre fiz isso muito apaixonado, eu acho que as pessoas viam que era genuíno e que era um lugar legal para ir.
Agora, fora isso, o importante é, quando trabalhar com pessoas, desenvolver pessoas, a gente já falou um pouquinho disso, não é conhecer a pessoa, saber quem é exatamente é aquela pessoa, né? O humano que está por trás do cargo e da profissão. Então, conhecer, saber o que essas pessoas, o que que faz essas pessoas sorrirem, o que faz as pessoas chorarem. Ouvir, ouvir muito, acreditar nas pessoas, humanizar essa relação, nessa crença, ter muita empatia, tudo isso sem ser condescendente, sem dar moleza. Porque você acreditar e querer que a pessoa se envolva, às vezes você tem que apertar um pouquinho. Às vezes você tem que exigir um pouco. Como eu costumava dizer para as pessoas que trabalharam comigo: 'olha, se eu tiver exigindo demais, veja isso como algo positivo, porque eu acho que tem muita coisa para sair daí, porque se eu não visse nada, eu não ia exigir, dar "feedback", eu não ia às vezes pegar no seu pé. Se eu tô fazendo isso é porque é um tempo que eu acho que vale a pena investir em você. Então vê pelo lado positivo, que é para o crescimento, é para o aprendizado', né?
Mas isso tudo só vai funcionar quando as pessoas sentirem que é genuíno, né, que tem um interesse genuíno por elas e pelo desenvolvimento delas. Que essa crença no potencial da pessoa é genuína, e aí elas se engajam, e aí elas buscam essa superação, e aí elas vão querer provar de que aquela pessoa está certa em acreditar nela, né? E vão fazer coisa que elas nem imaginavam que conseguiam.
É aí que você vai extrair o melhor das pessoas. 'Nossa eu nem sabia que eu conseguia fazer isso', e ela tem que acreditar em você, né? Tem que acreditar na pessoa que está liderando, porque fica difícil se não acreditar, e pra acreditar você tem que ser vulnerável e você tem que ser consistente, você tem que ser autêntico, e, como se usa muito no mundo corporativo, o "inaudível", né? Fazer aquilo que você diz com muita consistência. E aí, estar sempre por trás apoiando... Estamos juntos, né? Não é meu, não é seu, é nosso, e eu vou estar sempre te apoiando no nessa jornada aí, pro bem ou pro mal.
30:53 [Barbara Viana]
E aí? Agora eu queria muito saber, Vaccari, o que que você pensa das palavras 'não' e 'impossível'. Conta pra gente sobre essa sua filosofia e como ela transformou sua vida, o seu trabalho, dentro e fora da PepsiCo.
31:09 [Marcus Vaccari]
É que eu, pessoalmente, não acredito muito num 'não dá pra fazer' ou 'é impossível', principalmente no mundo corporativo, ainda mais quando me falam isso logo de cara, porque eu acho que tudo dá pra fazer, o que a gente pode escolher não fazer, mas dá. Então, me mostra como é que dá para fazer e aí juntos a gente decide se o custo-benefício disso vale a pena ou não. Então fala 'não dá pra fazer', mas por que que não dá fazer? Porque é muito caro. Mas espera aí, mas gente avaliou se é caro ou barato, que que é caro, que que é barato primeiro, né? Então, no final das contas a gente pode dizer bom, dá para fazer, mas é caro, ou demora mais do que a gente precisa, ou vai usar muitos recursos que a gente não quer dispor... então é uma escolha no final das contas.
Então, de cara fazer que não dá para fazer porque parece difícil, não é algo que eu levo comigo, né? Nem na vida pessoal, nem na vida profissional. Primeiro eu eu vou tentar, né? Com essa filosofia a gente realizou muita coisa na PepsiCo, acho que a gente realizou muita coisa com essa filosofia do que parecia ser impossível, acabou sendo possível e inclusive essa cultura que a gente vive hoje, né? Parecia, naquela época, que nós começamos há muito tempo atrás, quando a diversidade de inclusão nem era algo ainda muito discutido e essa coisa de você trazer a autenticidade, ser você mesmo, não eram discutidas, então não foi fácil no começo você colocar essa agenda pra rodar. E a gente acreditou nisso e acabou fazendo. E na vida pessoal é igual.
Com essa filosofia eu conquistei um monte de coisa, e as que eu não conquistei eu estou em paz com isso, porque eu acessei a possibilidade de fazer e eu decidi não fazer porque achava que não valia a pena, seja pelo risco, por custo, por tempo, etc... Eu não deixei que fosse decidido por alguém, então no final das contas, eu acho que o 'não', 'não dá', ou 'é impossível', tá ligado a você acessar as opções que você tem, as alternativas, e aí você decide se dá ou não dá pra fazer. E não de cara achar que não dá, porque parece difícil. Eu sempre brincava com a palavra impossível, né? Falava, a palavra impossível é cumprida. O 'possível' é mais comprido que o 'im' na palavra, né? Você tem um 'possível', essa parte grande aqui é possível. O 'im' é pequenininho, então talvez do possível para o impossível, o pulo não seja tão absurdo assim. Está mais próximo do que a gente pensa, vamos olhar.
33:07 [Barbara Viana]
E até quando a gente olha para a nossa carreira, onde a gente quer chegar... Às vezes a gente acha que é impossível chegar em determinado lugar, cargo e assim por diante. E o quanto a gente pode ousar, desafiar e fazer acontecer, né? E sonhar também, por que não? E muitas das pessoas, inclusive, Vaccari, que estão aqui acompanhando a gente, estão em busca de um propósito pessoal e profissional, e buscando também oportunidades, né? De trabalho com esse propósito todo, né? Que a gente está conversando aqui. Quais dicas práticas você dá para que ela, e todos nós aqui, cresçamos e possamos brilhar nas nossas carreiras?
33:50 [Marcus Vaccari]
Basicamente, reflita sobre o que é sucesso para você, trace um plano e execute. O que é sucesso para você, que que a gente falou? Onde eu quero chegar como carreira? Eu quero ter uma carreira ascendente? Eu quero ter essa posição ou ter aquela outra posição? Quero trabalhar neste ramo ou não... é, só cuidado com as posições, né? Porque a gente vê que as posições acabam, né? Elas deixam de existir, então se almejar uma posição lá na frente, daqui 10 anos eu quero ser 'não sei o quê', pode nem existir mais nem a posição. Mas o que que é sucesso para você, né? O que que seria uma carreira de sucesso para você? Pode ser até ser uma estabilidade profissional, uma carreira de sucesso também pode ser ficar os próximos 40 anos fazendo a mesma coisa, bem legal... Claro que a gente tem que ser sempre se transformando, ser o melhor naquilo, né, pra fazer sempre a mesma coisa, para ser relevante, mas pode ser uma escolha...
Então o que que é sucesso para você? Esse primeiro... aí traçar um plano, a gente tem que saber onde nós estamos hoje, nesta trajetória, né, que que eu já tenho desta carreira e o que que falta para chegar naquela carreira, o que que são as coisas que eu tenho que fazer, quais são as habilidades que eu tenho que acrescentar, qual é a agilidade de aprendizagem que eu tenho que ter, quais são essas experiências internacionais ou nacionais ou intrafunções que eu preciso ter... traçar esse plano e ir atrás disso, e ir buscando isso. Numa empresa como a PepsiCo, onde você tem abertura e tem inúmeras ferramentas para te ajudar nesse processo, você tem a possibilidade de conversar sobre isso... de novo, tá na escolha do impossível, não dá para fazer. Se você não falar o que você quer, se você não falar o que você precisa, se você não perguntar onde está os seus pontos de melhoria, você nunca vai saber, e aí você não vai sair do lugar, porque não tem como fazer um plano de algo que você não sabe.
É o que eu digo: esperança não é um plano, né? Eu tenho esperança que um dia minha carreira vai acontecer, principalmente se for do verbo 'esperar', eu espero que isso aconteça. Se for do verbo 'esperançar', que significa ter um objetivo e fazer algo a respeito para chegar lá. Aí, sim, é um plano. Então, é, ter isso claro. E, no final das contas, e a gente fala nisso na PepsiCo também, em qualquer relação de trabalho a gente quer um monte de coisa e as empresas hoje estão se movimentando para nos dar essa relevância e essa esse espaço. Mas no final das contas a gente tem que dar resultado, né? Seja lá o que for resultado numa empresa, tangíveis ou intangíveis. E aí entra de novo a agilidade de aprendizagem, resolver. Se eu tiver que resumir numa palavra, seja lá onde se tiver fazendo, seja lá o que for, resolva, resolva os problemas e entrega.
36:17 [Barbara Viana]
Vaccari, antes da gente ir embora, eu quero te convidar aqui para uma parte superespecial do PEPcast, que é um quadro que a gente chama aqui de Sabor do Conhecimento.
É um momento que a gente compartilha de tudo um pouco, assim, conteúdos que nos inspiram, pode ser série, filme, livro, um artigo, enfim... o que teve alguma relevância para nossa história, assim. E aí, queria muito saber das suas indicações com toda a sua carreira, todo o seu conhecimento, que que você traria aqui de indicação pra gente.
37:01 [Marcus Vaccari]
Olha, Babi, eu sou muito curioso, então eu vejo e leio de tudo. Então tem um montão de coisa... que eu acho que tudo o que a gente vê ou lê, tem um ângulo que a gente pode tirar algum proveito. Tem alguma analogia que a gente pode fazer. Tem uma um ensinamento que a gente pode tirar. Então tem muitas coisas que eu poderia falar. Tem duas que pra mim foram muito importantes no passado, mas que eu acho que ainda são muito vivas hoje, né? Tem um filme chamado "Sociedade dos poetas mortos", que é bastante antigo para as novas gerações, mas falava sobre o conceito do "carpe diem", que eu sempre usei muito, aproveitar o dia. E ali tinha essa coisa de você ser vulnerável e ir atrás dos seus sonhos, então esse filme é bem legal.
E tem um livrinho também, um livro que eu já compartilhei com muitas pessoas, que chama "A boa sorte". É uma fábula, praticamente uma fábula, mas que ela ensina que a importância de você criar as circunstâncias para que a sorte floresça. Então não é a sorte do acaso, é a boa sorte, que é aquilo, eu criei circunstâncias ao meu redor e quando a sorte, né, chamada sorte, aconteceu, eu estava preparado. É aquela coisa, aparece uma posição aberta que você gostaria de ocupar, só que você não se preparou para ela.
Então não adianta na hora que chegar a posição, você sair correndo para se preparar. Isso não dá. Então, se você tem uma posição... é o que a gente tava falando aqui... se você tem uma posição, se você quer fazer uma carreira internacional, você precisa conhecer línguas, talvez você saia na frente numa seleção se você conhecer línguas... então, se você tem isso em mente, você se prepara, você cria circunstâncias, né? A brincadeira que a gente falava, quando o trem passar, você tem que estar pronto para subir no trem, você não pode falar 'pera aí, trem, que eu vou até em casa, vou fazer uma mala e já volto', ele vai embora. Então criar circunstâncias é isso, já vou ficar com a malinha pronta aqui, na hora que ele passar eu tenho mais chances de entrar nele. Então "A boa sorte" fala muito disso. Você lê em meia hora, é uma fabulinha, mas traz essa reflexão.
E aí, cara, você vai em podcast, tem o "Lugar de Potência" do Ricardo Basaglia, que é muito legal. Você tem um outro podcast que é "Do zero ao topo", que fala sobre pessoas que saíram do nada e construíram grandes negócios ou grandes carreiras. E aí, tem dois filósofos que eu gosto de seguir muito, porque traz muita reflexão aí. Um deles é a Lúcia Helena Galvão, você acha no YouTube várias explicações. É uma filosofia que ela traz para o cotidiano. Como é que isso impacta no nosso dia a dia. E o outro é Alain de Botton, que é do "The School of Life", que é uma escola que ensina aspectos de conviver, fala sobre amor, relacionamentos, autoconhecimento, também de uma forma muito dinâmica, muito lúdica e muito questionadora das crenças que a gente tem sobre essas coisas, versus a realidade, né? Da onde elas vieram? Como se transformaram num algo romântico? E o que que elas significam no dia a dia? Tem muita utilização prática nas organizações. Quando a gente fala em humanização de organizações.
39:46 [Barbara Viana]
Nossa, uau! Amei as indicações, já estava aqui, enquanto você falava, já, já estava até procurando... esse "A boa sorte" eu não, nunca tinha ouvido falar. Muito boas as indicações Vaccari, adorei! Hoje eu vou trazer até o que eu comentei aqui no meio do episódio, que é um livro muito especial, acho que até já falamos em algum outro episódio também, se eu não me engano, como indicação, que é a "Coragem de ser imperfeito", da Brené Brown. E ela fala como aceitar a própria vulnerabilidade, vencer a vergonha e ousar ser quem você é. E aí eu trouxe até um trechinho aqui do livro que eu acho super-rico assim que fala: "Vulnerabilidade não é conhecer vitória ou derrota, é compreender a necessidade de ambas, é se envolver, é se entregar por inteiro". Então é um livro superespecial, que agrega, assim, muito conhecimento. Ele é superfácil de ler e você lê super-rápido também e traz bastante inspiração, assim, para nossa vida.
Com essas dicas, a gente encerra mais um episódio do PEPcast. Esse momento foi muito especial, muito importante para mim, Vaccari. Você marcou a minha carreira lá atrás, como eu já te falei algumas vezes. Lembro, como se fosse hoje, do meu dia lá iniciando na PepsiCo e descobrindo que você era o VP, te conhecendo mais e te acompanhando ali dentro. Eu tava começando a carreira, assim, então conhecer e ter um profissional inspirador como você foi muito importante pra alguém que estava começando, como eu... e ainda estou começando, ainda tenho um grande caminho aí para trilhar pela frente.
Então foi uma honra te receber aqui hoje, estou superfeliz com a nossa conversa. Saio aqui aprendendo também coisas novas. Muito obrigada por você aceitar o nosso convite. Eu espero que você tenha curtido também essa experiência. Obrigada também por acompanhar o PEPcast, inclusive, e é isso... muito, muito obrigada.
41:38 [Marcus Vaccari]
Babi, eu que agradeço, foi um prazer enorme. É muito legal saber que a gente deixa boas marcas nas pessoas, né? Eu acho que é para isso que nós estamos no mundo, para deixar coisas boas para as pessoas. Foi uma honra para mim também trabalhar com você lá atrás. Uma honra maior ainda ser entrevistado por você agora, depois de de alguns anos, isso é muito legal de ver acontecendo. Então foi um papo delicioso, uma tarde muito gostosa, só tenho a agradecer... para encerrar eu desejo o sucesso a todos, seja lá o que for sucesso pra você.
42:07 [Barbara Viana]
E eu te convido a seguir os nossos perfis nas redes sociais, é @PepsiCo no Linkedin e @PepsiCo_br nas outras redes. A gente tem até um Instagram do Brasil, pessoal, então acompanhem lá que está superlegal, cheio de conteúdo incrível. Para saber sobre as nossas vagas abertas, é só entrar no nosso site de carreiras, que é o PepsiCo Jobs, o link fica aqui na descrição. E, claro, acompanhe a gente no LinkedIn. Lá a gente posta não só as oportunidades, mas também notícias da PepsiCo no Brasil e no mundo. E é isso, eu espero vocês no próximo episódio, muito, muito obrigada e um superbeijo.