Inteligência Emocional em Tempos de Mudança

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Barbara Viana:
Olá, eu sou a Babi, e esse é o PEPcast, o podcast que transforma a sua experiência profissional e te leva ao próximo nível. Então vem dar um "play" na sua carreira com a gente.

Nesse mundo cheio de mudanças, de processos, de tecnologias, mas também de posicionamentos e comportamentos, tem uma expressão que a gente tem ouvido muito por aí, que é a inteligência emocional. É como se ela fosse a chave para a gente lidar com tantas transformações em espaços tão curtos de tempo. E ela pode, sim, ser parte da solução. Mas nem sempre a gente sabe o que significa de fato essa tal de inteligência emocional, e o que é mais difícil: como a gente coloca ela em prática?

Por isso, hoje a gente tem uma convidada aqui muito especial, que é a Mariana Martino, diretora de Pesquisa e Desenvolvimento aqui na PepsiCo, para a gente bater um papo justamente sobre esse tema, que é a inteligência emocional. Mari, seja super bem-vinda.

Mariana Martino:
Oi, Babi, tudo bem? Olá, pessoal que nos está escutando! Primeiramente, eu quero agradecer muito pelo convite. Eu realmente adoro esse tema e fiquei muito feliz de poder compartilhar com vocês um pouquinho sobre o que eu sei.

Barbara Viana:
Ah, que bom, Mari, tenho certeza que a gente vai trocar bastante aqui, e você vai inspirar muito o pessoal que tá aqui curtindo e aproveitando o PEPcast.

E aí, Mari, antes de a gente entrar de fato no tema, falar de inteligência emocional, queria muito que você contasse aqui para o pessoal um pouco da sua trajetória profissional. Por onde você já passou? O que você faz hoje? Conta para a gente?

Mariana Martino:
Tá bom. Eu tenho quase 20 anos de experiência em Pesquisa e Desenvolvimento, 18 deles na indústria de alimentos, e os últimos 11 anos aqui mesmo na PepsiCo. Eu sou formada em Química. A minha grande paixão sempre foi trabalhar com Pesquisa e Desenvolvimento. Eu sempre fui uma criança fascinada por entender o porquê das coisas. Todas as crianças são naturalmente assim, eu sei, porque eu tenho duas em casa — um de quatro, um de seis. Mas eu realmente levei essa paixão a sério e resolvi estudar bastante mesmo, para entender a fundo.

Acontece que, durante a universidade, eu comecei a perceber que estudar e entender como as coisas funcionavam não bastava para mim, e que o que eu queria era realmente colocar todo esse conhecimento em prática, para realmente fazer a diferença na vida das pessoas. Então, quando veio a chance de trabalhar em uma empresa de bem de consumo, no setor alimentício, para mim era o lugar perfeito para eu construir uma carreira, e, bom, aqui eu estou até hoje, trabalhando nesse ramo e tentando unir a ciência e a possibilidade de influenciar positivamente a vida de bilhões de pessoas com produtos inovadores, mais saudáveis, mais convenientes, mais saborosos, e que realmente criam um sorriso a cada mordida.

Barbara Viana:
Mari, e o que você faz efetivamente no dia a dia? Quais são as funções de uma diretora de Pesquisa e Desenvolvimento? Imagino que deve ter muita coisa ligada com inovação. É isso mesmo?

Mariana Martino:
É sim, é sim, Babi, e acho que essa é a primeira coisa que as pessoas pensam quando a gente fala que trabalha com Pesquisa e Desenvolvimento. A gente trabalha muito com inovação, mas não é só isso. A verdade é que a gente tem uma agenda muito forte em R&D, que embarca muito as outras atividades. Entre elas, a gente também pensa em como cuidar dos nossos produtos atuais de linha, ou seja, a gente é responsável também pela manutenção do portfólio atual, seja através de reformulações, por exemplo, para reduzir sódio ou gorduras saturadas, ou então melhorias de fórmula para trazer um desenho melhor para o consumidor, ou até mesmo trazer maior eficiência de custo em alguns processos e formulações existentes.

E essas reformulações têm um peso muito importante porque, como você falou no início, a gente vive em tempos de constante mudança — mudanças nos nossos consumidores e em seus hábitos de consumo, também em seus estilos de vida. Temos mudanças no cenário competitivo e mudanças que vêm com a evolução das tecnologias existentes no mercado, tanto de processo quanto de ingredientes. E a gente, dentro de R&D, está sempre buscando essa melhoria contínua nos nossos produtos atuais. Então, além de todo esse trabalho de inovação, que geralmente é o que vocês veem quando a gente tem o lançamento, a gente também trabalha muito com os nossos produtos de linha. Então, acreditem em mim: a gente tem trabalho por aqui.

Barbara Viana:
E aí, Mari, dentro disso, acho que tem muito a ver também com a nossa cultura de foco no consumidor e consumidora, justamente porque eles e elas estão mudando o tempo inteiro. Como que a gente se antecipa a essa necessidade? E é por isso que a gente fala tanto sobre mudanças. Não só os consumidores e consumidoras estão mudando, como também o mundo está mudando, se transformando o tempo inteiro. E a gente está aqui, como uma organização, tentando acompanhar e antecipar essas necessidades.

Mariana Martino:
Não, Babi, é isso mesmo, exatamente isso.

Barbara Viana:
Boa. E aí tem uma expressão que está aqui, inclusive no título desse episódio, que é justamente sobre isso: tempos de mudança. Na sua visão, Mari, você pode explicar por que a gente está falando tanto sobre isso, sobre tempo de mudança, principalmente dentro de uma organização?

Mariana Martino:
Claro, eu falo sim, Babi. Com certeza, mais do que nunca estamos em tempos de mudança acelerada, e muito disso pode ser atribuído aos grandes avanços tecnológicos dos últimos tempos. Então a gente vê aí uma super evolução digital que nunca tinha sido vista antes. A gente tem internet, smartphone, inteligência artificial, tudo muito próximo. E isso faz com que a gente tenha cada vez mais mudanças no nosso dia a dia. E, como consequência disso, mudança nos nossos hábitos e nos hábitos do consumidor, que foi o que eu tinha falado aí rapidamente anteriormente.

A gente também tem que analisar todo o efeito da globalização. Então hoje você pode falar com qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo a qualquer momento… se ela não estiver dormindo, você pode falar com ela em qualquer momento. E isso gera também mudanças na organização do trabalho, tudo muito mais digitalizado, trabalho remoto… Enfim, muitos fatores aconteceram ao mesmo tempo e acabam acelerando essa transformação na sociedade e nas pessoas.

E isso, por consequência, também gera mudança dentro das organizações, já que somos parte da sociedade, e essas mudanças, elas são necessárias dentro das organizações para que a gente possa se adaptar a esse novo ambiente, a esse novo consumidor, e a gente conseguir continuar inovando e continuar trazendo cada vez mais valor agregado para esse consumidor, que é cada vez mais exigente e tem mais consciência de onde ele vai gastar o dinheiro dele.

Barbara Viana:
E aí, nesses tempos de mudança, Mari, a inteligência emocional começa a entrar em jogo. E aí eu sei que você é apaixonada por esse tema, mas como que surgiu esse interesse sobre inteligência emocional? E o que seria esse tema efetivamente, de uma forma ampla, para a gente já começar a conectar tempos de mudança e inteligência emocional?

Mariana Martino:
Inteligência emocional, eu acho que é necessária sempre, mas mais ainda quando a gente fala em tempos de mudança. Eu amo muito esse tema, o desafio é como que eu vou falar aqui de forma resumida, que é assim… eu posso ficar o dia inteiro falando sobre isso. Mas vamos lá. O meu interesse surgiu, na verdade, eu nem sabia o que era inteligência emocional na época. Foi logo que eu comecei a trabalhar no primeiro emprego, como estagiária. Isso foi logo que eu saí do colegial, que eu fiz tipo colegial técnico, e eu juro que pra mim foi um choque. Eu acho que eu tive bastante dificuldade de entender essa parte de relações no trabalho quando eu comecei a trabalhar.

E eu conversava muito com o meu pai. Meu pai gostava muito de conversar também — aliás, gosta até hoje — e ele sempre me deu muita abertura pra gente falar sobre o tema. Ele tem muita escuta ativa e sempre me perguntava muito pra entender como eu tava me sentindo, quais eram as emoções que tavam por trás, pra eu entender o ponto de vista das outras pessoas em cada situação. Então, ele me fazia refletir muito. E aí eu comecei já nessa época a pensar sobre essas coisas, e sem querer eu fui començando essa jornada, sem saber que chamava inteligência emocional, mas já fazendo muita reflexão. E aí, quando a gente fala mesmo do que é inteligência emocional — já vou conectar um pouco com mudanças — essa inteligência emocional, então, é essa capacidade de a gente poder compreender e gerenciar as nossas emoções e as emoções das pessoas que interagem com a gente.

Então, a gente fala que existem cinco pilares da inteligência emocional, e que, pra mim, a gente vai desenvolvendo na ordem que eu vou falar aqui pra vocês. Então, o primeiro é a gente ter o autoconhecimento, que esse definitivamente é o ponto de partida, que é como a gente entende essa habilidade de a gente entender e reconhecer os nossos sentimentos e as nossas emoções frente aos acontecimentos.

Então, saber como você se sente em relação a uma mudança que está acontecendo e identificar as causas dessa emoção é muito importante pra você poder encarar essa mudança. Uma vez que você entende o que você tá sentindo, o próximo passo, que é o segundo pilar, é o autocontrole. Então, legal, eu entendi o que eu tô sentindo, agora como que eu controlo isso, como que eu lido com essa emoção que surge perante essa situação, perante a uma mudança que acontece. E assim você vai trazendo estratégias para reduzir o estresse e manter mais a calma nessas situações desafiadoras.

Aí o terceiro pilar, que é também muito importante, que é depois que você entendeu suas emoçõe, começou a controlar suas emoções. Você começa a olhar para fora, você começa a olhar as pessoas e entender a emoção do outro, que é o que a gente chama aqui de empatia, como que você reconhece no outro, o que ele está sentindo naquela situação e respeitar essa emoção. Respeitar esse sentimento dele, então as mudanças não vão afetar só você, ela afeta as outras pessoas que estão ao seu redor também. E as pessoas também têm dificuldade de lidar com isso. Então como você cria esse ambiente para escutar as pessoas, criar um ambiente de apoio e colaboração, é muito importante.

Em quarto, a consequência de você ter a empatia é você começar um relacionamento interpessoal — é a troca entre você e a outra pessoa. Então, é como você interage de forma respeitosa com o outro, gerenciando os conflitos interpessoais que podem surgir. E isso é muito importante em tempos de mudança, porque manter uma comunicação aberta e eficaz, ajuda na superação das dificuldades, dos conflitos. Isso inclui ouvir ativamente, expressar as suas preocupações de maneira construtiva e trabalhar em equipe para encontrar aí as soluções para as diversas situações que emergem, né?

E por último, não menos importante, a automotivação, que é como você usa todas as outras habilidades anteriores pra você se manter motivado e positivo durante a mudança — que às vezes é um pouco desafiador, e as pessoas, às vezes, começam a pensar no negativo. Mas a gente precisa, quando você tem a inteligência emocional, é olhar o aspecto positivo. É você conseguir focar os seus recursos nos aspectos positivos que essa mudança pode trazer, e assim manter essa motivação alta.

Barbara Viana:
Incrível, Mari, baita resumo, baita explicação, adorei! E aí só conectando aqui, você foi falando… acho que também não tem como a gente falar de inteligência emocional e não mencionar o Daniel Goleman, não é?

Mariane Martino:
Sim!

Barbara Viana:
E tem uma frase dele que eu tava procurando aqui enquanto você falava, pra trazer também no episódio, que é:“Ao ensinar as pessoas a se sintonizar com as suas emoções com inteligência e a expandir seu círculo de cuidado, podemos transformar as organizações de dentro para fora e fazer uma diferença positiva em nosso mundo”. Eu acho que é exatamente isso. Eu acho que é como a gente consegue olhar pra dentro de nós, pra fora quando a gente fala do outro, e assim a gente transforma o mundo ao nosso redor. E que baita desafio, não é?

Mariana Martino:
Não, mas é sensacional!

Barbara Viana:
É sensacional. Legal, muito bom.

Na PepsiCo, ousamos transformar para construir um ambiente de aprendizado, onde os objetivos de carreira são considerados e valorizados. Você pode ajudar a construir um mundo onde haja mais possibilidades para mais pessoas, independentemente da função que você ocupe. Assim, ajudamos a criar mais sorrisos a cada gole, a cada mordida, a promover um local de trabalho mais inclusivo e diverso, a criar um ambiente mais sustentável e a tornar o mundo mais positivo. Para ousar transformar com a gente, acesse www.pepsicojobs.com.

Agora que a gente já sabe mais sobre o que é inteligência emocional, eu queria, Mari, que a gente trouxesse alguns exemplos aqui pra quem está conferindo o PEPcast. Situações práticas mesmo, que você acredita que usou a inteligência emocional pra resolver ali alguma situação, algum conflito. Você tem alguma coisa pra trazer aqui pra gente de exemplo?

Mariana Martino:
Tenho, tenho sim! E eu faço muito isso. Às vezes chega um momento que você faz inconsciente, mas você usa no dia a dia o tempo todo. Mas eu acho que uma situação aqui fácil de a gente relacionar, de todo mundo relacionar, é quando a gente tem um conflito entre pessoas dentro de um time ou um conflito com outras áreas.

Então, quando eu percebo que está rolando, em uma reunião, eu começo a ver que tá rolando algum tipo desse conflito que não tá sendo muito construtivo, que as pessoas não estão chegando num objetivo, eu costumo sempre buscar essas pessoas envolvidas separadamente, não confrontar durante a reunião, porque às vezes os ânimos estão um pouco alterados, então se você percebe que a pessoa tá emocionada, não é o momento de seguir uma discussão. Muitas vezes é melhor parar e falar: “Vamos continuar no outro dia”. E aí eu procuro chamar essas pessoas, escutar, entender e tentar influenciar pra essa pessoa entender o outro lado. E aí, quando a gente volta pra uma reunião, você já vê que elas estão diferentes. Você já vê que a maneira como elas estão conversando evolui bastante. E geralmente costuma funcionar.

Às vezes não é tão imediato, porque faz parte de todo o desenvolvimento, de toda a evolução. É sempre um passo por vez. Então é fazendo isso todo dia, em cada reunião, percebendo que poderia ter sido diferente e começando essa jornada. Essa jornada aí pra desenvolver inteligência emocional.

Barbara Viana:
E dar o exemplo também, né, Mari, com o seu time, por exemplo, pra que eles e elas consigam lidar também da mesma forma com essa inteligência emocional. E aí vai virando... um vai virando o reflexo do outro ali, como se fosse um espelho. E tem alguma situação que você pode contar pra gente — sem revelar nome ou informações confidenciais, claro — mas que faltou inteligência emocional pra tratar alguma questão e a situação não foi resolvida? Ou se tornou até pior do que já estava?

Mariana Martino:
Tenho. Tenho sim, tenho sim. E essa é uma situação que aconteceu bem no começo da minha carreira, e ela me marcou muito. Me marcou muito, porque eu sempre lembro. É lógico que eu passei por várias outras depois, mas essa realmente é uma das que mais me marcou.

Então, eu trabalhava em um projeto, e eu estava exclusivamente para esse projeto. Ele era um lançamento de uma nova linha de produtos, uma linha nova. Não foi na PepsiCo, foi na minha experiência anterior. E o produto que a gente tava lançando, ele era muito difícil de operar na linha. Ninguém entendia direito como funcionava. A gente tava num processo de aprendizado, tanto o time de Pesquisa e Desenvolvimento, como o time de operações da linha. E acabava que eu, como eu tinha desenvolvido a formulação, eu tinha que fazer as liberações do produto junto com o time de qualidade, porque eles ainda não conheciam, ainda não tinham a expertise ali do dia a dia, da rotina, para poder fazer essas liberações, então eu ficava todos os dias fazendo a liberação junto com o time de qualidade. E eu tinha outros projetos para faze também. Então era uma situação que era um pouco estressante para mim, porque eu estava um pouco com “workload” alto, para tentar resolver essas duas coisas ao mesmo tempo, fazer e entregar os outros projetos que eu tinha que entregar e fazer toda essa liberação diária.

E um belo dia, era 6h da tarde. Eu estava para ir embora, eu já tinha feito as liberações do dia. Mas eu falei: nossa, eu vou passar lá na fábrica para dar uma olhada em como o produto está na linha. E quando eu cheguei lá, eu não encontrei ninguém na linha, a linha estava sozinha. E quando eu olhei o produto, eu vi que o produto estava fora de especificação e, juro para vocês, assim, eu perdi totalmente o controle da minha emoção nesse momento, o oposto da inteligência emocional. E aí eu fui direto falar com o gerente da planta, falar com ele que tava tudo errado, que ninguém tava dando importância, que não sei o quê, enfim, dei aquela desabafada de quem não controla ainda as emoções.

Enfim, obviamente, como consequência, o gerente também ficou muito bravo com a situação. Enfim, chamou a atenção do time, enfim, e eles ficaram extremamente chateados comigo e com a reação que eu tive, né. Só que eu tinha que continuar trabalhando naquela linha, e eu tinha outros projetos pra implementar na linha, e eu vi que a cooperação ali tinha dado uma abalada. E eu fiquei refletindo bastante sobre o que tinha acontecido, e justamente por que que eu fiz o que eu fiz, o que eu podia ter feito diferente e tal.

E aí eu liguei pro gerente da planta no dia seguinte e falei: quando você vai ter a sua reunião com o time? Isso eu estou falando porque uma vez que faltou muita inteligência emocional, eu fui atrás de como corrigir o problema, como poder resolver. E a minha estratégia foi usar a inteligência emocional para resolver o problema. Ela faltou no começo, mas nunca é tarde demais para a gente tentar corrigir qualquer erro que a gente faça. E, né? Normal da vida de todo mundo.

Então eu liguei para o gerente da planta e falei pra ele: quando você vai ter a sua próxima reunião de time? E ele falou: ó, vai ser na semana que vem, na segunda-feira. Eu falei: tá bom, você me dá 5 minutos no final da reunião pra eu falar sobre o produto, né, sobre o processo e tal? Ele falou: tudo bem, dou sim. Beleza, então tá. E chegou na semana seguinte, segunda-feira, eu fui lá, 5 min pra acabar a reunião, entrei na sala. Vocês podem imaginar a cara que todo mundo tava fazendo pra mim quando eu cheguei.

Era uma situação extremamente desconfortável, mas eu já tinha treinado muito o que eu ia falar naquele momento. Eles imaginavam que eu fosse dar algum treinamento ou explicar sobre alguma coisa técnica. Eu entrei, olhei para eles e falei: gente, eu só vim aqui porque eu queria pedir desculpa para vocês. Eu queria pedir desculpa pra vocês pela maneira como eu agi na semana passada, não foi a melhor maneira. Eu gostaria que vocês entendessem que eu me senti frustrada e até um pouco nervosa porque não tem sido uma situação fácil para mim. Mas eu queria que vocês soubessem que eu devia ter feito algo diferente, eu reconheço isso. Tudo bem se vocês não quiserem aceitar minhas desculpas, mas eu precisava vir aqui e falar isso pra vocês.

E assim, eu via na cara das pessoas. E gente, eu tinha 20 e poucos anos. Eu tinha acabado de sair da faculdade, todos eles cheios de experiência. A maioria era homem, né. Então eu precisei de muita coragem para chegar e falar isso para eles. Mas você via na cara deles como mudou a expressão. E no final, eu tava indo embora, e um deles falou assim: Mariana, posso te dar um abraço? Eu olhei assim, porque não era a reação que eu esperava, né. Eu falei: claro, com certeza. Aí ele veio e me abraçou. Aí outros vieram, enfim. A partir daquele momento, foi um outro nível de colaboração que a gente... a gente nunca teve dificuldade, né, eu nunca tive dificuldade em si. Mas depois daquele dia, melhorou consideravelmente o nível de interação que a gente teve.

E isso eu levo como exemplo para sempre que eu encontro uma situação assim. Eu acho que primeiro a gente precisa reconhecer para a gente o que a gente poderia ter feito melhor. E é importante a gente reconhecer para o outro quando a gente erra, porque isso faz toda a diferença quando a gente está falando de construir relações.

Barbara Viana:
Que legal, Mari. E não só coragem, me parece, porque você usou o termo coragem, mas eu acho que você teve muita maturidade para ser vulnerável e a coragem de ser imperfeita, digamos assim. A Brené Brown fala muito sobre isso, mas baita exemplo para a gente refletir aqui. Estou refletindo bastante, inclusive, então obrigada pela transparência, inclusive por trazer um exemplo seu. E que o desfecho foi muito bom, foi muito positivo, que mostra o poder que tem a inteligência emocional, e quando a gente sabe usar ela de uma forma correta, efetiva, mesmo para o nosso dia a dia.

Mariana Marino:
Com certeza.

Barbara Viana:
E aí, Mari, para a gente finalizar, tenho uma última pergunta aqui para te fazer. Quais são as suas dicas para que as pessoas consigam desenvolver de fato a inteligência emocional? Imagino que é algo que não é da noite para o dia. Eu sei que não é algo simples, mas por onde a gente começa? Qual é esse caminho que a gente pode percorrer?

Mariana Martino:
Legal, Gabi. É isso mesmo. Gente, tem que ter a consciência de que é uma jornada, né. É um passo por vez, mas a gente pode começar a qualquer momento. Acho que o primeiro passo é a gente ter esse tempo de refletir, de autoconhecimento, refletir sobre os sentimentos, como a gente reage. Esse é o princípio de tudo. Mas eu vou dar umas dicas práticas aqui, que eu sei que o pessoal gosta de dicas práticas, e eu costumo dar algumas dessas dicas para o pessoal que trabalha comigo.

A primeira coisa: se preparar para reuniões que você sabe que serão difíceis. Porque você sabe quando você vai ter uma reunião onde você vai ter que talvez convencer alguém ou que você vai ter que trazer uma notícia um pouco complicada, uma notícia difícil. Então se preparar para essa reunião significa: escreva o que você vai falar. Parece besteira, mas escrever é muito importante. Escreve, pensem em como você acha que as pessoas vão reagir quando você falar aquilo que você está escrevendo. Escreve as tuas respostas, escreve as possíveis perguntas e leia. Leia e tente entender se você está sendo claro, se você está sendo assertivo na sua comunicação, e reescreva as partes que você acha que tem que rever. Porque quando você for para a reunião... é claro que você não vai ler o roteiro, mas você já vai ter isso na sua cabeça. E isso vai te dar um pouquinho mais de calma para poder responder, caso venha alguma pergunta ou alguma resposta que te deixe aí um pouquinho mais abalado.

Em segundo lugar, eu digo: tenha também em mãos algumas frases que te ajudem a voltar ao seu centro. Então coisas-chave que você fala caso você perceba que a situação está saindo um pouco do controle, você está se afetando muito. Eu costumo usar isso bastante. A minha frase é: ok, eu vou pensar melhor sobre isso e depois eu volto com você. Então, quando eu vejo que a coisa começa a esquentar, eu procuro não responder na hora. Às vezes é 1h de reunião. Nos primeiros 10 min saiu fora do controle, eu falo isso. Eu falo: tá bom, então vamos parar por aqui que eu vou pensar melhor sobre o que você me falou e eu volto com mais detalhes, eu volto com a resposta, eu vou checar com o meu time e a gente conversa. Porque a gente não precisa responder tudo na mesma hora. É melhor a gente esperar um dia a mais pra ser mais assertivo do que você falar algo que você se arrependa depois. Então acho que é importante demais.

Essas são dicas super práticas. E aí eu vou fazer também, vou dar umas outras dicas também pra começar a jornada, dicas para as pessoas que queiram começar essa jornada de inteligência emocional. Porque não é uma coisa, né, são várias.

No final do dia, eu recomendo: separe 10 min para refletir sobre como foi o seu dia, o que funcionou, o que não funcionou tão bem, por que não funcionou e qual seria a sua proposta de fazer diferente no dia seguinte. Eu, por exemplo, faço isso quando eu estou tomando banho. Não sei por que, mas a água, assim, às vezes me deixa bem reflexiva e ajuda muito. Então é algo que eu faço todos os dias.

A outra dica que eu tenho é você ter amizades, algum amigo ou amiga que seja fora da empresa, mas que seja um bom ouvinte para te escutar, e você poder trocar ideias sobre emoções e sentimentos. Eu, por exemplo, tenho duas ou três amigas que eu confio bastante e com quem eu posso me abrir e falar sobre as coisas que sinto e o que eu errei... e escutar as histórias delas também, porque a gente aprende muito escutando as histórias dos outros. E eu sempre digo que a gente não precisa aprender só com os nossos erros, a gente pode aprender com o que acontece com os outros também.

Uma terceira dica é você também encontrar algum profissional dentro da empresa, algum colega ou um líder que tenha inteligência emocional muito bem desenvolvida, e pedir para ter sessões de mentoria com ele. Precisa ser alguém que você tenha bastante confiança, porque falar de sentimentos e se abrir não é algo tão fácil. Então precisa de conexão para ser genuíno e realmente efetivo. Mas também é uma saída.

E, em último caso, você também pode buscar um profissional formado em Psicologia e fazer um acompanhamento terapêutico. Então, dependendo da sua necessidade de desenvolver inteligência emocional, a terapia ajuda muito. Eu já fiz em diversas etapas da minha vida, e eu super recomendo também. É isso.

Barbara Viana:
Demais, demais, Mari, recomendo terapia também, ajuda muito. Eu acho que essas suas dicas dá até pra gente expandir, Mari, saindo do profissional, do trabalho, pra vida. Porque a gente está falando de autoconhecimento, de reflexão, de parar, de pensar, de voltar, rever, e cuidar de nós também e do outro. Então acho que vale essa reflexão também, de olhar pra nossa vida também com essa mesma ótica.

Mariana Martino:
Com certeza.

Barbara Viana:
Mari, adorei aqui o nosso papo, aprendi com você, saindo do tema de pesquisa e desenvolvimento, que é o que a gente costuma conversar aqui dentro, e falar de um tema que é tão importante, que é a inteligência emocional, dentre tantas mudanças que a gente está vivendo, e você trouxe tudo de uma forma tão leve, que eu tenho certeza que quem tá aqui agora curtindo e conferindo o PEPcast também vai se inspirar, conseguir compreender e falar melhor sobre esse tema. Então, super te agradeço.

E agora a gente tem um quadro aqui super especial dentro do PEPcast, que chama Sabor do Conhecimento...

...Que é pra gente terminar com chave de ouro, sabe? É um momento que a gente pede pra quem está aqui no PEPcast compartilhar com a gente conteúdos, experiências que podem inspirar quem nos acompanha. E aí pode ser o que você quiser: pode ser um perfil nas redes sociais, um hábito que você tem, filme, podcast, livro, série. Eu sei que você já deu um monte de dica aqui hoje, mas eu queria saber se você tem alguma dica adicional. Nem precisa ser voltada à inteligência emocional, mas alguma coisa que te inspira também.

Mariana Martino:
Ai, Legal, Babi, eu tenho sim uma indicação, e tem tudo a ver com o que a gente está falando aqui. Essa é uma série que eu assisti recentemente, é uma série que tem no Netflix. É uma série argentina que se chama Invejosa, e ela conta a história de uma moça que está justamente nesse caminho do autoconhecimento. Inclusive, várias cenas na série são cenas dela numa consulta com a psicóloga dela, com a terapeuta dela, falando sobre os acontecimentos da vida dela.

Claro que é mais no âmbito pessoal, mas ela fala muito sobre isso e a psicóloga fazendo sempre perguntas, estimulando pra ela trazer pra consciência os sentimentos dela frente àquelas situações, e ela sempre muito resistente em encarar esses sentimentos. E o que é muito verdade, porque às vezes a gente demora mesmo pra reconhecer alguma coisa e até aceitar algo que a gente acha que deve mudar. Mas é sempre o primeiro passo pra mudança. Enfim, assiste aí, Babi, se você gostar depois você me conta, porque além de tudo é uma comédia. Então ele aborda os temas de forma bem leve, super vale a pena.

Barbara Viana:
Ah, Mari, adorei! Você não é a primeira pessoa que me fala dessa série. Uma amiga minha me indicou recentemente, então eu tô precisando assistir. E eu vi já passando ali no Netflix, dei uma olhadinha ali no “trailer”, adorei. Adoro série assim, então eu vou assistir, depois eu te conto.
E, gente, indicação hoje: falei aqui durante o episódio, mas indico super que quem tem interesse em inteligência emocional dê uma pesquisada aí no Daniel Goleman. Ele é um psicólogo, ele é mestre nesse tema de inteligência emocional, tem livros, enfim, é bem legal. Eu sou psicóloga de formação e eu estudei muito sobre ele na faculdade. Acho que foi até no primeiro ano da faculdade, marcou muito. Eu lembro do comecinho da faculdade, estudando e falando sobre isso. Então acho que é bem legal.

Mas hoje eu também trouxe uma indicação que é uma indicação pra mim também, que me trouxeram recentemente e eu curti demais, que eu quero ler muito em breve, que chama Hábitos Atômicos. É um livro que fala muito sobre uma maneira mais fácil de a gente construir bons hábitos, abandonar os maus. Ainda mais, acho que pensando que a gente está mudando muito e o tempo todo, como a gente olha para os nossos hábitos e a maneira com que a gente tem construído as coisas. O autor chama James Clear, falaram super bem, me falaram que é um livro divisor de águas, e eu decidi trazer aqui também porque eu também vou começar a ler esse livro. Depois eu conto aqui pro pessoal do PEPcast se eu curti... mas acho que sim, com certeza. Falar de hábitos é sempre bem importante.

E com isso a gente chega ao fim do nosso papo hoje. Mari, mais uma vez, eu quero reforçar que foi um papo super leve, aprendi e sigo aprendendo com você. Então, obrigada de coração por você ter topado participar aqui hoje. Quero tentar desenvolver mais a minha inteligência emocional. Acho que esse tema gera muita reflexão. Todos nós precisamos olhar pra isso com muito carinho, com muito cuidado, porque a gente está falando de fato de emoções. Querendo ou não, nós somos movidos muito pelas nossas emoções, então como a gente consegue navegar por isso de uma forma mais tranquila. Então quero te agradecer, espero que você tenha curtido também, Mari, que tenha sido uma experiência legal pra você estar aqui hoje com a gente.

Mariana Martino:
Super, Babi! Eu mega agradeço o convite, adorei essa nossa conversa, aprendi também, anotei aqui a indicação que você deu e estou super ansiosa para escutar o próximo episódio do PEPcast também e continuar aprendendo. Muito obrigada.

Barbara Viana:
Boa, Mari! E eu te convido a seguir os nossos perfis nas redes sociais: é @PepsiCo no LinkedIn e @PepsiCoBrasil nas outras redes.

E, para saber sobre as nossas oportunidades, é só seguir o @PepsiCoJobs. Você também pode conferir as nossas vagas operacionais no InfoJobs, através do www.infojobs.com.br e pesquisar por PepsiCo.

É isso, a gente se encontra no próximo episódio. Tchau, tchau!

Criadores e convidados

Barbara Viana Vio
Apresentador
Barbara Viana Vio
Employer Branding & Culture Lead - PepsiCo
Mariana Martino
Convidado
Mariana Martino
Diretora de Pesquisa e Desenvolvimento
Inteligência Emocional em Tempos de Mudança
Transmitido por